sábado, 28 de novembro de 2009

MULHERES QUE AMMAM A VIDA

ONG de Nova Friburgo ajuda mulheres com câncer de mama

Por Ildes Fernando
Taça Champanhe AV2

Tâmia dos Santos Oliveira tem 68 anos e há um ano se deparou com o maior desafio de sua vida. Com a prisão do filho, ela passou por momentos de angústia, tristeza e desespero. Na tentativa de resolver o mais rápido possível a situação difícil pela qual estava passando, a aposentada mergulhou em um abismo de dor e sofrimento.
Divulgação
Toda essa preocupação acabou afetando sua saúde. Foi aí que Tâmia teve mais um baque. Notou um caroço no seio. Depois de ir ao médico e fazer alguns exames, veio o temido diagnóstico. Câncer de mama.

Com medo de que algo pior pudesse acontecer, Tâmia buscou ajuda. Aconselhada por uma vizinha, ela procurou uma ONG de Nova Friburgo que presta assistência a mulheres com câncer de mama. Encaminhada para o Instituto Nacional do Câncer (INCA), Tâmia achou que o problema era grave.

Apesar da insegurança e pensando que iria morrer, fez a cirurgia. E para a sua surpresa tudo deu certo. Há dois meses terminou com as sessões de quimioterapia.

Tudo isso foi possível graças ao apoio da AMMA (Associação da Mulher Mastectomizada de Nova Friburgo).

“A AMMA deveria ser vista como algo necessário. Aqui tive toda a orientação e assistência. A AMMA representou a vida, me devolveu à vida”, emociona-se Tâmia dos Santos, que ainda continuará em tratamento por mais cinco anos como medida preventiva.

Ajuda voluntária
Esse é apenas um dos quase 500 casos que a instituição acolheu nestes oito anos de existência. Com a ajuda de mais oito pessoas, Rosângela Coelho fundou a ONG após enfrentar um câncer de mama e conhecer as dificuldades e a falta de assistência que mulheres com a doença encontravam na cidade. Hoje, 250 pessoas fazem doações em dinheiro todo mês e dez voluntárias dedicam o seu tempo para as atividades diárias da AMMA.

“É gratificante poder ajudar as pessoas que passam por esse problema. É essencial acolhê-las. Várias mulheres que estão com o câncer chegam aqui desesperadas achando que vão morrer. Depois de serem orientadas sobre a doença e receberem toda a assistência necessária, elas saem daqui com a auto-estima renovada. Todas as mulheres acabam se tornando voluntárias da ONG”, explica a dona de casa Iranir Gonçalves Chermonth, coordenadora de eventos da ONG há seis anos.

Os eventos coordenados por Iranir chegam a mobilizar cerca de 100 voluntários. Chás beneficentes, amigo oculto, festas juninas reacendem a vontade de viver e abrem espaço para a troca de experiência e para a reflexão. Tais eventos congregam as mulheres que já venceram o câncer com aquelas que ainda estão lutando. Nos últimos cinco anos, o dinheiro arrecadado com as festas possibilitou a compra da sede própria da instituição, que antes funcionava em uma casa alugada.

Lar, doce lar
No novo espaço, o tom rosa das paredes alegra o ambiente muitas vezes marcado por tristezas. Cada cantinho atende a uma necessidade. Na recepção uma simpática senhora, no auge dos seus 70 anos, ocupa os dias com trabalho social.

“Às vezes só uma conversa ajuda muito. Estamos aqui para ajudar e fazer com boa vontade”, diz Irlene Klein Ribeiro, secretária da AMMA há seis anos.

Na sala de reuniões os vários certificados comprovam a importância da ONG. No corredor que leva à sala de tratamento psicológico e fisioterápico, as fotos dos fundadores e das confraternizações contam um pouco dessa história. Mais adiante, há um espaço para perucas, gorros, chapéus e próteses mamárias destinados às pacientes em tratamento quimioterápico. A costureira Sueli da Sylva Santos é a responsável pela fabricação das próteses:

"Conheci a AMMA através de uma reportagem, quando já estava com três anos de operada do câncer. Isso já faz sete anos. Fiz em São Paulo cursos de confecção das próteses de polietileno, que hoje fabrico aqui. Sou responsável também pelo bazar, que funciona de segunda à sexta-feira, das 13 às 18 horas".

No segundo andar da sede, adquirida em dezembro de 2007, a sala de artesanato é um espaço onde as mulheres “tricotam” os assuntos do dia-a-dia. Prática que já faz parte da vida de Maria Helena Soares dos Santos, que passou ali por momentos marcantes:

"Sou presidente da AMMA há quatro anos, mas a conheço desde o seu início, pois sou uma das fundadoras. Fico feliz por nosso trabalho fazer efeito nas mulheres que chegam tristes e saem daqui com um sorriso no rosto. Pude presenciar dois momentos marcantes: primeiro quando atendemos uma criança de cinco anos com câncer e, recentemente, quando recebemos a primeira carta de agradecimento, escrita pelo filho de uma senhora que estava sendo ajudada por nós, mas que faleceu no dia 19 de abril".

E é assim, somando vitórias e superando perdas, que a Associação da Mulher Mastectomizada de Nova Friburgo une forças com a população para superar as dificuldades, estando sempre de portas abertas para quem chegar.

“A AMMA depende da comunidade que, freqüentemente, é solícita conosco, ajudando sempre que precisamos”, reconhece Maria Helena.


Fotos: Arquivo AMMA


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