segunda-feira, 9 de novembro de 2009

ENTREVISTA COM O REPÓRTER FERNANDO TORRES

Por Jaqueline Ferreira

Qual a sensação de voltar como palestrante à universidade onde estudou?
FERNANDO TORRES: Voltar à Estácio - Friburgo é sempre um prazer. É a minha casa, me formei aqui e vivi momentos maravilhosos neste campus. Além disso, tenho muitos amigos que ainda estão na casa. Acredito que, contando minhas experiências, eu possa ter ajudado as pessoas a acreditarem no próprio potencial.

O conhecimento teórico adquirido na universidade, aliado à prática de estágios fizeram toda a diferença na sua formação profissional. Quais foram as grandes lições desse período?
FERNANDO TORRES: Fazer o melhor em todos os trabalhos, sejam acadêmicos ou profissionais. Pensar na carreira logo no início da universidade também é essencial. A outra dica é aproveitar os laboratórios para exercitar as lições de sala de aula e experimentar novos formatos.

Qual bagagem de experiência o magistério proporciona para um jornalista?
FERNANDO TORRES: Lecionar me obriga a procurar novos livros e conceitos, constantemente. Aqui, preciso citar o jornalista Fábio Gusmão, editor de Geral do Extra, que me apoiou a continuar com as aulas na Estácio. O ritmo de vida de quem trabalha em redação é frenético. Eu busco energia para conseguir ser um professor que agregue valor à vida acadêmica do aluno.

Você comentou sobre a pressão que o repórter sofre para noticiar coisas novas. Essa pressão já te levou a algum dilema ético?
FERNANDO TORRES: Sim. Várias vezes. Lembro, agora, de quando fui ao município de Magé, na Baixada Fluminense, apurar uma situação de problema político e fui pressionado pela prefeita Núbia Cozzolino a revelar quem havia me passado tal informação. Não revelei e cortei o assunto porque nós, jornalistas, temos o direito legal de ocultar o nome das fontes.

A questão da segurança também foi discutida na palestra. Me chamou atenção a importância do motorista. Em que momento você percebeu isso?
FERNANDO TORRES: Diariamente, nós percebemos a importância do motorista. Ele pode adiantar ou atrasar sua vida. Com uma boa parceria, sempre que precisar dele para escapar de alguma represália ou chegar rápido a um destino, o repórter terá um importante aliado.

Durante a semana de comunicação, uma polêmica foi levantada: a função social do jornalista se limita à denuncia ou se estende à fiscalização? É errado dizer que o jornalista é o fiscal da democracia?
FERNANDO TORRES: A existência dessas duas vertentes é paralela. Denúncia e fiscalização caminham juntas. O jornalista deve contar histórias e mostrar o que acontece. Atitudes e planos contra ou a favor da democracia devem ser fiscalizados, sim. Contudo, precisamos lembrar que jornalista não é herói. O jornalismo é uma prática fundamental para qualquer sociedade e deve ser exercido com responsabilidade, como todos os outros ofícios.

O que o João Buracão representa para a sua carreira?
FERNANDO TORRES: João Buracão é um marco, um "case" histórico. É um prazer participar, decisivamente, desse trabalho jornalístico. Vou lembrar das histórias do boneco pelo resto da vida.

Qual a maior dificuldade enfrentada por um repórter 3G? E na sua vida profissional, o que foi mais difícil?
FERNANDO TORRES: O projeto Extra 3G exige que o repórter faça cobertura multimídia (texto, fotos e vídeos) em tempo real e apresente um novo viés na edição impressa do dia seguinte. Este é o maior desafio. Na minha trajetória, o mais difícil foi ter paciência. É preciso trabalhar bem e não deixar as barreiras gerarem um desânimo invencível.

Você está satisfeito com o jornalismo praticado no Rio de Janeiro?
FERNANDO TORRES: O jornalismo é parte de uma indústria de comunicação complexa. É lógico que pode ser melhor, mas, dentro das possibilidade apresentadas pelas empresas a seus jornalistas, o trabalho feito é excelente. Como já disse, jornalista não é herói. É um profissional como qualquer outro, mas que lida com elementos fundamentais como imagem, ética e repercussão midiática. A responsabilidade é enorme. Você pode mudar a vida de uma ou de milhões de pessoas, para o bem ou para o mal.

Quais os planos para o futuro?

FERNANDO TORRES: Quero investir mais em séries de reportagens e fazer uma pós-graduação na área de mídias digitais, além de investir mais em idiomas.

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