segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A ESPERANÇA É A ÚLTIMA QUE MORRE

Apesar das dificuldades, Fernando Torres realizou o sonho de infância: ser jornalista

Por Ildes Fernando
Taça Champanhe


Nascido e criado em Santa Rita da Floresta, distrito de Cantagalo, Fernando Torres morava em um sítio e desde criança sonhava em ser um jornalista. Para tanto, começou a consumir produtos dos quais queria fazer parte. Assistir televisão e ouvir rádio eram as atividades que o pequeno Fernando fazia todos os dias. Quando o sinal ficava ruim, ele sempre colocava palha de aço na antena da TV e do rádio para não perder nada e continuar acompanhando a programação.
O futuro profissional da comunicação também assinava a Revista Placar, que chegava em sua casa com um mês de atraso. Mesmo com as dificuldades, Fernando superou os desafios e correu atrás do seu sonho. Formou-se na primeira turma de Jornalismo na Estácio de Sá, campus Nova Friburgo. Mas Fernando não se deu por satisfeito.
Durante a faculdade, o jovem estudante continuou a enfrentar as barreiras e a superá-las, sempre tendo em mente a persistência e a busca por qualificação. Foi estagiário da Mídia Impressa, Rádio Estação e ajudou a criar a Friweb/ Estácio Notícias. Trabalhou na Rádio Sucesso FM, TV Zoom, jornal O Momento de Macuco, TV SerraMar (atual InterTV), Groove Propaganda e foi assessor de comunicação da IBPA (Instituto Brasileiro de pesquisa alternativa), ACIANF (Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Nova Friburgo) e Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro.
Para falar melhor em público e perder esse medo, o jornalista também apresentava formaturas. Toda essa dedicação surtiu efeito. Trabalhando atualmente no jornal Extra, na função de repórter 3G, Fernando Torres voltou a Estácio Friburgo para participar da Semana da Comunicação, realizada no dia 26 de outubro.

João Buracão: o repórter cidadão
Durante o encontro, Fernando comentou sobre a sua maior descoberta profissional: o boneco João Buracão.

“Descobri o João por acaso. Estava voltando para a redação do jornal Extra e resolvi passar por outro caminho. De longe vi uma pessoa sentada em uma cadeira, de frente para um buraco e segurando uma vara de pescar. Achei curioso e parei. Quando me aproximei percebi que era um boneco”.

Surpreso com a situação inusitada, Fernando percebeu que aquilo renderia uma reportagem. Depois de se informar, descobriu que o boneco foi criado pelo borracheiro Irandir da Rocha, que nas horas vagas também exerce a profissão de artesão.
O então Boneco Pescador, primeiro nome de João Buracão, surgiu para protestar contra um buraco que surgiu em frente à borracharia de Irandir, na Rua Piraí, em Marechal Hermes. Já fazia cinco meses que o tal buraco causava transtornos para as pessoas da Baixada Fluminense. Motoristas acusavam Irandir de ter feito o buraco para os carros quebrarem e assim ter mais clientes. Cansado das acusações e do descaso da prefeitura, o borracheiro resolveu fazer o boneco de esponja e jornais para reivindicar.
Quando Fernando passou pelo local, o boneco já estava ali há três semanas, debaixo de sol e chuva. E nada dos órgãos públicos resolverem o problema. Diante do fato, Fernando decidiu fazer uma matéria. Ela foi publicada numa sexta-feira, dia treze de fevereiro. A data é famosa por trazer maus agouros, mas isso não foi um empecilho. No dia seguinte, a Central de Atendimento ao Leitor do jornal Extra recebeu 15 mil ligações tamanha foi a repercussão. A partir daí, João Buracão se tornou o grande fiscal nas ruas do Rio de Janeiro. A sua determinação e coragem foram determinantes para a marca de 160 mil buracos tampados. Já a sua simpatia conquistou a confiança e a amizade dos cariocas, que encontraram em João Buracão a maneira mais eficaz de ter a garantia e o direito à cidadania.


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