domingo, 29 de novembro de 2009

Bolívia


Amigos mochileiros conhecem o país de uma forma diferente.

Por Karine Abreu



A Bolívia é um país rico em costumes, tradições e belezas naturais. Por esses e outos motivos, Rogério Pereira (18 anos), Yasmin Miranda (19 anos), Jozé Guilherme (21 anos), Érica Gonçalves (24 anos) e Hugo Cerqueira (20 anos), decidiram conhecer o país de mochila. Segue a entrevista feita com os jovens aventureiros.

A idéia da viagem surgiu sem muitas espectativas. Em uma tarde ensolarada de domingo, os jovens conversavam sobre as belezas naturais do mundo. Sem muito dinheiro pensaram em uma viagem para Bolívia em que o custo de vida é mais fácil.

"No início nossos amigos e familiares desconfiaram que erámos loucos, pois não sabiámos como fazer para chegar até o país. Procuramos fontes na internet para nos orientar, pegamos mapas do Brasil e Bolívia para traçarmos a forma mais rápida, econômica e interessante de viajar”, disse Rogério.

Com metas no papel e muita imaginação na cabeça, o grupo embarcou para a maior aventura de suas vidas.

“A viagem do primeiro ônibus foi rápida, menos de 2 horas, teve o destino de Teresópolis- Rio de Janeiro.Só caímos na real, quando entramos no ônibus Rio com destino Corumbá, que nos deixou na fronteira Brasil-Bolívia. Passamos por toda grande São Paulo, Mato Grosso, apreciamos o Pantanal e enfim, chegamos na Bolívia já cansados, afinal foram 31 horas dentro do mesmo ônibus”, contou Yasmin.

Chegando a Corumbá, a próxima parada foi Porto Suarez, cidade pobre no interior da Bolívia.

“Queríamos logo conhecer as grandes cidades, então, pegamos um ônibus para Santa Cruz da Serra. Entramos na primeira “furada”. O ônibus era clandestino. Chão todo furado, quebrou várias vezes no meio do caminho e para piorar, o motorista passou por um pequeno deserto. Passamos 20 horas dentro do Clandestino, foi assim que batizamos o tal ônibus”, explicou José Guilherme.

Quando enfim chegaram a rodoviária de Santa Cruz da Serra, Érica conta que já era madrugada.

“Estávamos três dias sem tomar banho, sem dormir e comer como pessoas normais. Não podemos esquecer que nenhum hotel da cidade aceitou a entrada de jovens mochileiros fedorentos. Conclusão: dormimos na rodoviária, mas às cinco horas da manhã, decidimos mudar de cidade outra vez. Pegamos o primeiro ônibus com destino à Cochabamba”,

Cochabama é uma cidade com muita tradição nos costumes e principalmente nos trajes das mulheres, chamadas de tcholas que fazem a total diferença na região. São mulheres visivelmente sofridas, trabalhadoras e que junto com roupas muito coloridas carregam bastante peso para todo o lado, em busca de sustento para toda a família. A cidade é bastante cativante. Feiras gigantes com variedades de tudo o que se imagina: de comidas exóticas a tapetes de Lhama, tudo com um preço muito baixo, acessível a qualquer viajante.

Depois de quatro dias sem dormir e sem tomar banho. Os mochileiros conseguiram um hotel muito simples, mas bastante cômodo inclusive com água quente, o que é raro na região de acordo com os meninos.

“Depois de um longo banho de cinco minutos e roupas limpas, o próximo destino era comer alguma coisa que não fosse biscoito e macarrão instantâneo. Fomos à procura de um lugar para comer, achamos um restaurante aparentemente limpo e com bons garçons. Pedimos pizzas com carne, hambúrguer e coisas do tipo, afinal apenas um era vegetariano entre nós”, comentou Hugo.

De acordo com Hugo, foi nesta hora que caíram na segunda “furada”.

“A comida estava em péssimas condições, nem a fome que sentíamos ajudou a comer aquilo. A carne, pior ainda. Perdemos a fome e completamos cinco dias sem comer direito. No dia seguinte, para surpresa de todos nós, descobrimos que a carne típica dessa cidade é o “cônego falso” muito mais conhecido no Brasil como ratazana. Enfim, viramos vegetarianos de vez.”

Depois dessa má digestão e mais de 17 horas de viagem, o grupo chegou a La Paz, capital boliviana.

Depois de conhecer templos, museus, parques e geleiras em La Paz, a próxima parada foi em Copacabana. Uma cidadezinha que fica as margens do Lago Titicaca, o lago navegável mais alto do mundo.

Depois de 25 dias fora de casa, eles decidiram que era hora de voltar. Rogério lembra que a saudade de casa já batia mais forte.

“Nunca pensei que fosse ficar tanto tempo viajando, mas valeu a pena, mesmo com tantos imprevistos. Não planejamos por completo, mas a vida planejou tudo. Visitamos lugares pobres e assim valorizamos mais o que temos em casa. Conhecemos cidades lindas que nos fizeram refletir sobre o mundo encantador em que vivemos. Voltamos para casa não da forma que saímos, voltamos como pessoas melhores respeitando o próximo e valorizando mais a vida”.

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