domingo, 29 de novembro de 2009

Crianças gordinhas podem estar desnutridas

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Por Diógenes de Oliveira

Confira a entrevista feita com a coordenadora do Programa de Aleitamento Materno de Teresópolis e nutricionista, Drª Cleoneide Tavares, sobre os perigos da alimentação infantil.

Diógenes de Oliveira: Quais as perigos de uma alimentação inadequada, composta de fast food, doces e refrigerantes altamente consumidos por crianças e adolescentes?

Drª Cleoneide Tavares: Uma alimentação a base de refrigerantes e doces. São as chamadas "calorias vazias”. Ou seja, alimentos com calorias, mas sem nenhum valor nutricional, deixam as células desnutridas, e aí a criança está sempre com fome e o pior, escolhe cada vez mais esses tipos de alimentos para saciar sua fome o que acaba por gerar a obesidade. São crianças obesas, mas desnutridas.

Quanto aos fast foods, esses deveriam ser proibidos por lei, por serem ricos em colestreol, gorduras saturadas, glutamato monossódico, nitrato, salitre, além do que não se sabe ao certo de que tipo de carne os hambúrgueres são feitos. Sem falar que está na hora da humanidade acordar para a necessidade de parar de sacrificar os animais, o meio ambiente e seu próprio corpo pelo prazer do comer e comer mal.

Diógenes de Oliveira: E quanto à atenção e ao aprendizado? Qual a relação entre o aprendizado e a alimentação?

Drª Cleoneide Tavares: Nosso cérebro funciona a partir da energia produzida pela glicose. As vitaminas do complexo "B" são extremamente importantes para o desempenho das células cerebrais e do sistema nervoso em geral. Para obtermos esses nutrientes, é preciso ingerir boas fontes de glicose (presente nas frutas, açúcar mascavo, mel, farinhas, massas, etc) e fontes de vitaminas do complexo "B" (cereais integrais, grãos, ovo, leite, e para os carnívoros, as vísceras são boas fontes).

Diógenes de Oliveira: No passado, as crianças levavam a merenda feita em casa para a escola. Hoje, a maioria compra no colégio ou nos supermercados. Como os pais podem ajudar os filhos a valorizarem a saúde e optarem por alimentos mais saudáveis?


Drª Cleoneide Tavares: Dando um bom exemplo. É preciso que os pais e a família tenham bons hábitos, pois sem isso fica quase que impossível. A responsabilidade começa na família, passa pela escola e chega depois à criança. É uma covardia um pai ou uma mãe comprar guloseimas para casa e dizer à criança obesa: “Você não pode comer".

Se a família muda os hábitos alimentares em casa, mesmo que a criança se veja mal conduzida por alguém de fora, isso não representará um grande risco. É preciso que a família compre mais lanche na quitanda e menos em supermercado ou mercearia. Os salgadinhos de pacote são péssimos, cheios de corante, glutamato monossódico e gordura hidrogenada (mesmo que seus rótulos digam ZERO DE GORDURA TRANS).

Diógenes de Oliveira:
Que tipo de merenda os pais deveriam indicar para os filhos?

Drª Cleoneide Tavares: Frutas, iogurte, biscoitos sem recheios, suco ou refresco de fruta, pão com queijo branco ou com uma pasta de baixo custo feita com vegetais (nunca usar margarina achando que por ser de vegetal e não conter colesterol é bom para a saúde).

Diógenes de Oliveira: Você acredita que a restrição da propaganda de certos alimentos tidos como não-saudáveis reduzirá o consumo de chicletes, refrigerantes, balas e salgadinhos nas escolas? Por quê?

Drª Cleoneide Tavares: Sim. Ao longo dos anos fomos vendo grandes mudanças no consumo de alguns produtos alimentícios ou não. Esse é um trabalho de formiguinha, mas à medida que as pessoas tomam conhecimento isso vai gerando mudanças. Veja, por exemplo, o uso de alimentos na prevenção de doenças.

Os ditos "Alimentos Funcionais" hoje estão no auge da fama e usar cebola, alho, tomate, azeite virgem, berinjela etc., não é apenas uma questão de se alimentar, mas também de prevenir doenças. Isso graças à mídia.

Portanto, a propaganda exerce, neste sentido, uma grande influência e tem longo alcance porque não é o médico ou o nutricionista quem está falando, mas sim um meio impessoal que é utilizado. E isso dá bons resultados.

Por outro lado, não incentivar o consumo de produtos e até alertar sobre os malefícios de sua utilização, com certeza irá restringir o seu consumo. Está na hora das escolas adotarem um trabalho de conscientização, de esclarecimento, antes mesmo de proibirem a circulação desses produtos que eu nem chamaria de alimentos.

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