domingo, 29 de novembro de 2009

Depressão. O que fazer?

Psicóloga explica como lidar com o problema

Por Diógenes de Oliveira
Link interno para AV2 - Matéria sobre depressão

Em entrevista cedida ao repórter, Diógenes de Oliveira, a psicóloga, Vanusa Ramos, falou sobre as causas e o tratamento da depressão. Confira a entrevista completa.

Diógenes de Oliveira: A depressão está sempre associada a algum evento adverso da vida?

Drª. Vanusa Ramos: Nem sempre. A depressão também pode ser ocasionada por questões orgânicas como, por exemplo, nas oscilações hormonais que ocorrem principalmente na mulher em períodos como menopausa ou pré-menstruais.

Diógenes de Oliveira: Quem está mais propenso a ter depressão?

Drª. Vanusa Ramos: A depressão pode se manifestar a partir até mesmo da infância independente de sexo ou classe social. A depressão é uma manifestação de questões acumuladas internamente. Principalmente quando não se expressa raiva de maneira saudável em situações conflituosas, ou se guarda muita mágoa durante muito tempo. Normalmente as pessoas menos assertivas tem uma maior tendência a ficarem deprimidas, mas isto não é uma regra.

Diógenes de Oliveira:
Pesquisas revelam que a mulher sofre mais de depressão do que os homens. Por que isso acontece?

Drª. Vanusa Ramos: A mulher tende a ser mais sensível emocionalmente, valorizando coisas que o homem muitas vezes não percebe. Devido a esta sensibilidade ela absorve mais conflitos e muitas vezes não se expressa de maneira saudável quanto a estes conflitos, acumulando ofensas, dúvidas, baixa-estima, e isto em muitos casos depois de um tempo pode desencadear uma depressão. Porém, como eu já disse o homem também está sujeito a ter depressão. No caso do homem o medo e o sentimento de impotência, entre outros, podem ser desencadeadores de depressão.

Diógenes de Oliveira: A depressão tem os seus sintomas. Essa doença se manifesta da mesma forma em todas as pessoas?

Drª. Vanusa Ramos: A depressão é caracterizada por abulia (ausência de interesse em realizar qualquer atividade). No caso de depressões graves não há interesse por nenhuma atividade. O indivíduo se recusa a tomar banho, a comer, sair para qualquer lugar, trabalhar. Neste caso também o sujeito tem uma rejeição em ver luz. As manhãs são rejeitadas devido a não suportar claridade e resistir ao início de um novo dia. O indivíduo tem total falta de esperança e nenhuma expectativa para o futuro. Podem existir ainda os casos leves, onde a pessoa tem um forte desânimo, apatia e muita angústia.

Diógenes de Oliveira: Quais os cuidados que a família deve ter para não agravar a situação de quem sofre deste distúrbio?

Drª. Vanusa Ramos: Palavras como: "Você precisa se animar. Reaja!" não vão ajudar. O melhor é chegar próximo desta pessoa sem querer julgá-la ou dar comandos e se colocar como amigo dizendo estar disposto a ajudar e ouvir quando for necessário. No caso da depressão leve, levar algo que a pessoa goste ou convidá-la para um programa que lhe interesse pode ajudar, mas é necessária uma ajuda psicológica e psiquiátrica. No caso da depressão grave, o procedimento é levar ao psicólogo ou psiquiatra mesmo contra a vontade da pessoa.
Diógenes de Oliveira: Como é o pensamento da pessoa deprimida? Quem sofre de depressão reconhece que está doente? Por quê?

Drª. Vanusa Ramos: O deprimido tem consciência de sua enfermidade. Há casos que é preciso esclarecimento profissional ou de algum amigo ou familiar próximo para que o sujeito se conscientize, mas normalmente isto ocorre com facilidade.
Diógenes de Oliveira: Qual a depressão mais difícil de ser tratada?

Drª. Vanusa Ramos: Considero a depressão em si bastante delicada para ser tratada. Porém, particularmente, entendo que a depressão pós-parto é complicada devido ao momento vivido pela mulher. Onde há uma criança dependendo dela para se alimentar e viver e esta mãe está totalmente despreparada emocionalmente para isto.
Diógenes de Oliveira: Quais as chances de alguém que sofreu de depressão ter uma recaída?
Drª. Vanusa Ramos: Existe chance de recaída desde que não haja mudança da forma que se encara e se lida com as situações conflituosas causadoras da doença. Às vezes, a depressão é tratada por medicação e não se trata a causa psicológica. Neste caso, a probabilidade dela voltar é grande. Por isto, é necessário não somente o tratamento psiquiátrico, com medicação, mas também o psicológico. E o tratamento psicológico, às vezes, precisa se estender mesmo depois da ausência dos sintomas mais graves.

Diógenes de Oliveira: Como é o tratamento da depressão?
Drª. Vanusa Ramos: Com terapia e com medicação.
Diógenes de Oliveira: Qual é o tempo médio de recuperação?

Drª. Vanusa Ramos: Depende de cada indivíduo.

Diógenes de Oliveira: É possível tratá-la sem o uso de medicamentos?

Drª. Vanusa Ramos: Difícilmente.

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