domingo, 29 de novembro de 2009

De olho na sáude dos filhos

Alimentos vendidos nas cantinas escolares podem oferecer riscos para as crianças

Matéria para AV2 - Taça de champanhe



A merenda escolar deve suprir 15% das nescessidades dos alunos


Por Diógenes de Oliveira

Fazer cálculos, ler, escrever e anotar o dever de casa. Com tantas responsabilidades, um dos melhores momentos para muitos estudantes é a hora do recreio. Os alunos correm direto para a cantina e se entopem de balas, chocolates, biscoitos e uma infinidade de doces.

Com a Amanda de Abreu, 14 anos, não é diferente. A estudante é apaixonada por doces, refrigerantes e chocolates. Da cantina do Educandário São Pedro, onde estuda, é freguesa certa e consome diariamente bebidas feitas à base de guaraná natural, balas, biscoitos e todo o tipo de guloseimas.

Se hoje as cantinas parecem uma ótima opção para os alunos renovarem as energias, no passado não era assim. Ao contrário da filha Amanda, Maria Madalena de Abreu, 43 anos, estudou na década de 70 e não comprava merenda na escola:

“Na minha época as coisas eram bem diferentes. Não tinha cantina como hoje em dia. Eu tinha que levar a merenda de casa. Eu levava broas, bananas, bolo de aipim, milho verde assado, biscoitos de polvilho e tomava limonada”.

A aluna Amanda de Abreu revela que teria vergonha de ir para a escola com uma garrafa de limonada dentro da mochila. Segundo ela, no máximo, o que poderia levar seria um suco natural. “Mas somente o de caixinha”, ressalta.

João Gabriel Martuchelli Leal Dias, 16 anos, estuda na Escola Municipal Manoel Silveira. O adolescente não come carne vermelha, mas tem o hábito de comprar salgados, refrigerantes, biscoitos recheados e balas no colégio.

Já Sabrina Lopes de Souza, 17 anos, prefere comer em casa. Aluna do 2º ano do ensino médio, a estudante não gosta de abóbora, berinjela, brócolis e é viciada em doces. Mas se a fome aperta, ela come biscoitos e toma bebidas à base de chocolate no refeitório.

Uma cantina de Teresópolis só vende produtos saudáveis

Em Teresópolis, existe uma cantina da rede privada onde as crianças não encontram doces, pirulitos, chicletes nem batatas fritas. A iniciativa desagradou a alguns alunos que passaram a trazer alimentos de casa. Segundo a proprietária, Márcia Nolasco, uma reivindicação fez com que ela voltasse a vender refrigerantes.
Os salgados assados vendidos na cantina garantem mais saúde para os alunos

Márcia Nolasco criou a ALTERNATIVA 01. Trata-se de uma alimentação mais saudável composta por um salgado assado e um refresco feito com a polpa da fruta in natura, a um custo de apenas R$ 2,00.

A cantina oferece ainda uma refeição rica em saladas, cujo cardápio é elaborado sob a supervisão de uma nutricionista. A aluna Mayara Cunha, 17 anos, tem facilidade para engordar. A adolescente vê com bons olhos essa restrição e não traz lanche de casa.

Na rede municipal de ensino em Teresópolis, a merenda escolar beneficia a 27 mil alunos nas 98 unidades compostas por escolas municipais, creches municipais e conveniadas. De acordo com Programa Nacional de Alimentação Escolar, PNAE, a merenda deve suprir no mínimo 15% das necessidades dos alunos, o equivalente a 350 Kcal.

Nas creches municipais, são oferecidas 04 refeições diárias. No ensino fundamental, as crianças recebem uma refeição principal (arroz, feijão, carne, legume ou verdura, fruta e suco) e outra complementar (achocolatado, biscoito, fruta e doce).

De acordo com o setor de nutrição da Secretaria de Educação, os gêneros que não chegam com qualidade são devolvidos ou substituídos. Pelo fato de muitos alimentos folhosos estragarem durante o transporte, apenas espinafre, couve, cheiro verde e repolho são incluídos no cardápio.

Um evento de destaque promovido pela rede municipal é o Ação Piatto. São oferecidas oficinas de relaxamento, saúde, lazer e alimentação. De acordo com a Secretaria de Educação, os alunos aprendem a preparar saladas de frutas e recebem dicas sobre a pirâmide alimentar.



Pirâmide Alimentar: alunos mostram o que aprenderam sobre a classificação dos alimentos

Índices de colesterol e triglicérides das crianças são preocupantes

Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, constatou que 44% das crianças e adolescentes entrevistados tinham altos índices de colesterol e triglicérides. O estudo, realizado entre 2000 e 2007, revelou que 44% das crianças, entre dois e nove anos, corriam o risco de desenvolver doença coronariana.

Outro dado da pesquisa mostrou que as crianças apresentavam valores alterados do colesterol total. Os números constatados foram de 56% para os triglicérides e 36% para o LDL, que é o colesterol ruim.

De acordo com a psicóloga Paula Carolina Nascimento, que realizou um estudo sobre a influência da TV nos hábitos alimentares de crianças e adolescentes, mais da metade dos comerciais transmitidos na televisão está voltada para o consumo de alimentos ricos em gordura, óleo e açúcar.

Em 2002, O prefeito César Maia decidiu proibir a venda de balas e doces nas cantinas e lanchonetes das escolas municipais do Rio, como uma forma de ajudar a mudar hábitos alimentares. Naquela época, Maia havia culpado a TV pelo sedentarismo, uma das principais causas da obesidade.

De acordo com a nutricionista Cleoneide Tavares, coordenadora do Programa de Aleitamento Materno de Teresópolis, uma alimentação à base de refrigerantes e doces, faz o aluno engordar. Além disso, deixa as células do corpo desnutridas e a criança sempre com fome.

Para Cleoneide, os fast foods deveriam ser proibidos por lei, pois são ricos em colesterol, gorduras saturadas, glutamato monossódico, nitrato e salitre. De acordo com ela, os alunos precisam ingerir boas fontes de glicose e vitaminas do complexo B para garantir o desempenho escolar.

Segundo Cleoneide Tavares, frutas, iogurte, biscoitos sem recheios, suco ou refresco de fruta, pão com queijo branco ou com uma pasta de baixo custo feita com vegetais são exemplos de uma boa merenda escolar.

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