quinta-feira, 12 de junho de 2008

GESTAÇÃO E PROTEÇÃO EMOCIONAL

Quebrando paradigmas *

* Por Camilla Athayde

Luciana Lopes, quando tinha seus 23 anos, caminhava pela rua quando encontrou um rapaz chamado Leonardo. Depois de longa conversa o casal viu que tinham muitos interesses e vontades em comum e a partir daquela data começaram um relacionamento. Passados 2 anos deste o primeiro encontro resolveram que deveriam dar um passo maior e ficaram noivos.

Depois de 3 anos de casados tiveram a notícia que Luciana estava grávida de um filho desejado e planejado. Entretanto, sua alegria não estava completa, pois seu avô quem a havia criado acabara de falecer.

Embora se acredite que a gestação fosse um período de relativa proteção emocional para as mulheres, ficando o período puerperal como o único foco de atenção. Nos últimos anos pesquisas têm mostrado que a gestação não é tão protetora como até então acreditava e que cerca de 20% das mulheres apresentam transtornos depressivos durante a gestação, segundo a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).

A perda de uma pessoa importante, um objeto amado, durante o primeiro trimestre de gestação está associada ao aumento significativo do risco da malformação do feto. O ambiente intra-uterino é importante para o desenvolvimento do sistema nervoso central e fatores de risco ambientais, incluindo que podem ocorrer durante a gestação, podem interagir com os efeitos somados de múltiplos genes para influenciar o risco de uma doença neurológica, explica Dr. Joel Rennó Jr.

E foi o que ocorreu com o filho do casal. Ao atingir sua juventude, apesar de não possuir qualquer histórico de transtorno mental na família, o rapaz desenvolveu a esquizofrenia.

Pesquisadores da Universidade de Machester acessaram o risco de desenvolver esta doença em filhos de mães expostas a tais fatores objetivos de estresse durante a gravidez, como a morte por doença séria (câncer, infarto) de parentes e primeiro grau.

A maioria das sociedades entende que o estado psicológico da mãe pode influenciar o bebê intra-útero. Eventos vitais adversos e severos durante a gestação têm sido consistentemente associado com um risco de baixo peso ao nascer, prematuridade e malformação congênita, no primeiro trimestre. Em adição, estudos demonstram a associação positiva entre estresse materno pré-natal e aumento do risco para esquizofrenia adulta na geração exposta, relata Dr. Rennó.

Segundo o psiquiatra, a esquizofrenia é considerada uma doença do desenvolvimento cerebral precoce, influenciada por fatores de risco ambientais que interagem com efeitos combinados de genes múltiplos suscetíveis.

ESQUIZOFRENIA

A esquizofrenia, de acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), é uma doença mental grave provocada por um severo transtorno do funcionamento cerebral onde ocorre falha na transmissão dos neurotransmissores. Conseqüentemente na comunicação celular de neurônios envolvidos no comportamento, pensamento e senso-percepção.

A doença se manifesta principalmente em jovens (15-35 anos), podendo ocorrer na infância e em idosos. Ambos os sexos são igualmente afetados, porém as mulheres apresentam a doença mais tarde.

As vítimas de Esquizofrenia têm percepção anormal e distorcida do meio que as rodeia. É comum o suicídio entre os esquizofrênicos. A doença não afeta apenas o enfermo, mas pode também ter profundo efeito na família e em outras pessoas próximas.

Além de ser uma doença que requer muitos cuidados é extremamente dispendiosa, em termos de custos financeiros diretos ( hospitalização e medicamentos) como também de custos indiretos como: perda da produtividade dos indivíduos em virtude de sua doença.

Os sintomas mais comuns da esquizofrenia são: os sintomas positivos e os sintomas negativos. O primeiro corresponde na distorção de uma função psíquica como alucinações, delírios, pensamento desorganizado, hostilidade e desconfiança. Já os negativos são conseqüentes a uma perda ou redução de uma função psíquica; como apatia, retraimento social e emocional, incapacidade funcional, depressão, culpa e ansiedade.

DEPRESSÃO NA GESTAÇÃO

A gravidez na maioria dos casos é um momento de se alegrar com uma nova vida que está a surgir, mas nem sempre é assim. Com o crescimento de separações, crescimento familiar não programado, gravidez na adolescência ou não esperada, principalmente fora de um relacionamento, fazem crescer a estatística que hoje indica que pelo menos 20% das mulheres grávidas sofrem de depressão, segundo a ABP.

Apesar de todos os estudos sobre depressão durante a gravidez, o trabalho Suicidal ideation in pregnancy: assesment and clinical implications, do Dr. Newport e colegas da Universidade de Atlanta investigam mais a fundo três aspectos: a prevalência de ideação suicida em gestantes, a sensibilidade de escalas de depressão para detectar esta ideação e a existência de fatores que a possibilitam.

De acordo com este estudo a ideação suicida foi detectada em 29,2% em gestantes que anteriormente já apresentaram depressão aguda em algum período de sua vida. Os fatores preditivos para este quadro foram: gravidez não planejada, presença de transtorno depressivo e transtorno ansioso.

Mesmo levando em consideração que este trabalho foi desenvolvido com mulheres com antecedentes neuropsiquiátricos, sabe-se que no mínimo uma em cada dez gestantes apresentava idealização suicida e que a taxa pode de fato, girar em torno de 30% e é digno de alerta aos profissionais da área.

Infelizmente, segundo Dr. Rennó, nem sempre a depressão é considerada por muitos médicos que a tornam mais perigosa para a mãe e o bebê e na maioria das vezes se dá em decorrência das mudanças hormonais ocasionadas neste período.

SINAIS DE DEPRESSÃO

Os sintomas mais comuns da depressão são:

1- Sentimento ocasional de tristeza ou solidão.

2- Desconcentração

3- Irritabilidade

4- Ansiedade

5- Insônia

6- Cansaço

7- Ganho ou falta de apetite.

Caso esteja sentindo algum desses sintomas procure seu médico e com certeza este ato irá ajudar a manter tua saúde e a do seu bebê.

SAIBA MAIS

http://www.abpbrasil.org.br/boletim/exibBoletim/?bol_id=6&boltex_id=24

http://www.e-familynet.com/pages.php/PT/000/depre.htm

http://www.cuidandodasaude.com/website/artigo.asp?cod=1084&idi=1&id=1521

http://www.psicosite.com.br/tex/hum/dep019.htm

http://www.psicosite.com.br/tra/psi/esquizofrenia.htm

http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?189

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