quinta-feira, 12 de junho de 2008

ATÉ ONDE VAI O AMOR


Amor Patológico – um comportamento sem controle.*

* por Camilla Athayde

Jovem e loira, mas tinha apenas isso em comum com as guerreiras da deusa Freya com as quais compartilhava o nome, Valquíria. Apesar de não se apresentar montada em um cavalo alado e nem armada com elmo e lança como tais guerreiras possuía armas encantadoras como: cabelos longos, até a cintura, brilhantes como o sol e um perfume doce e inesquecível.

Esta mesma Valquíria que passou os últimos vinte anos de sua vida dedicada a cuidar do pai de sua filha, seu ex-namorado. Apesar do sofrimento de não tê-lo por perto – era casado e tinha outros filhos- ela não encontrava meios de se desligar. A obsessão a levava a acreditar que mantinha um relacionamento amoroso com ele. Telefonemas, vários ao dia, satisfaziam a sua necessidade de contato.

Ele alimentava o comportamento da ex-namorada e a pseudo-relação que durou até Valquíria procurar um tratamento e descobrir que nunca fora correspondida. Ao chegar neste ponto, porém, a relação era algo prioritário em sua vida, em detrimento de outros interesses e compromissos.

Casos como o de Valquíria, comuns nas clínicas de atendimento psicológico, que psiquiatras convencionaram chamar de amor patológico, um quadro caracterizado por comportamento repetitivo e sem controle de prestação de cuidados e atenção ao parceiro.

“ Todos os pacientes se sentem presos ao parceiros, vivendo com ele ou longe dele. Geralmente, não querem romper, apesar do sofrimento. Perto do parceiro parece que todo o resto fica preenchido”, explica a psiquiatra Dra. Ângela Maria Moura de Rezende.

A origem do distúrbio, segundo a psiquiatra, estaria diretamente ligados a fatores psicológicos como baixa auto-estima, sentimentos de raiva, privação afetiva e estresse emocional. Os indivíduos procuram no parceiro o afeto que não tiveram nos pais, repetindo o padrão de relacionamento malsucedido experimentado na infância.

Apesar da falta de estatísticas sobre o assunto, segundo Dra. Ângela, o amor patológico, não é exclusividade feminina. “Nós atendemos muitos homens com quadros idênticos aos da mulher. Mas do ponto de vista cultural é considerado mais feminino, pois a mulher tende a valorizar o relacionamento”.

SINALIZADORES DO “TRANSTORNO”

Segundo ao Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (AMITI) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo alguns sintomas e sinais que podem indicar se o indivíduo sofre de amor patológico:

1- Sintomas de abstinência, como angústia, taquicardia e suor, na ausência ou distanciamento do amado.

2- Preocupação excessiva com o outro.

3- Tentativas malsucedidas de reduzir ou controlar o comportamento patológico.

4- Tempo grande despendido no controle das atividades do parceiro.

5- Abandono de interesses e atividades antes valorizadas.

6- O quadro se mantém, apesar de representar problemas pessoais e familiares.

TRATAMENTO

O tratamento só é possível quando o parceiro admite estar fora do controle. O mais comum é o paciente só procurar ajudar quando o relacionamento acaba e ele não consegue aceitar ou agüentar a angústia.

E consiste em tratar os sintomas individuais e familiares que levam ao comportamento obsessivo através de uma terapia individual ou em grupo (acolhimento), com o acompanhamento psiquiátrico com ou sem uso de medicamentos, dependendo do caso.

O AMITI é o primeiro serviço de atendimento com equipe multidisciplinar gratuito, segundo eles, geralmente 16 a 20 sessões (uma vez por semana) são suficientes para tratar o paciente.

VOCÊ CONHECE ALGUM CASO DE AMOR PATOLÓGICO ESCREVA:



DESCUBRA MAIS SOBRE AMOR PATOLÓGICO

ACESSE:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-44462007000100016&tlng=en&lng=en&nrm=iso

http://mulher.terra.com.br/interna/0,,OI1177635-EI4788,00.html

http://www.guiadasemana.com.br/noticias.asp?ID=15&cd_news=16025

http://www.saudenainternet.com.br/portal_saude/mulheres-que-amam-demais.php

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