quinta-feira, 24 de abril de 2008

A Melhor Idade

Por Luísa Toledo, Uilque Lopes e Rogério Brito


Em plena terceira idade, Nayr Bispo é só alegria e disposição. Aluna da Universidade da Melhor Idade, leva o curso muito a sério. Diz que procurou voltar à sala de aula para reciclar-se. "A gente não pode ficar parada no tempo, além disso amo de paixão isso aqui", declara Nayr.

A Universidade da Melhor Idade teve início em 1999. Eunice Lobo, criadora do projeto patrocinado pela Estácio de Sá, quis realizar um curso de atualização em nível universitário. Inicialmente, sua idéia era reunir pessoas interessadas em se reciclar. "Aos poucos, além deste aspecto, o grupo foi incorporando novas atividades e interesses, como o grupo de seresta Seresteiras da Estácio e a Oficina da Palavra, que fazem um tremendo sucesso entre as alunas", conta Eunice.

Os passeios, tanto para o lazer como para visitar exposições e museus animam as alunas da Melhor Idade. Aos poucos a turma vai chegando e a sala de aula fica uma balbúrdia só. Todas estão eufóricas, felizes de se reencontrar após as férias. Um grupo alegre entra cantando "Vê, estão voltando as flores..."Elas se autodefinem como as veteranas do curso da Eunice.
O currículo inclui matérias como psicologia, história da arte, teatro, espanhol, informática e dança de salão, entre outras.

Dirce Montechiari é uma eterna repetente. Artista plástica, ela gosta da falta de cobranças e compromissos do curso. "Acho que a mulherada que fica em casa assistindo à televisão de tarde deveria vir toda para cá".

Para a maioria dos idosos do Brasil, chegar à terceira idade é uma tarefa difícil e, pior ainda é conseguir levar uma vida saudável e produtiva. Partindo da cultura nacional, os mais velhos não são valorizados como deveriam, nem considerados cidadãos úteis e saudáveis. Muitos são aqueles que acham que o idoso, por causa da idade, não tem mais utilidade ou valor, como se a vida tivesse sido interrompida no momento em que alcançou-se a terceira idade.

A contradição neste caso é grande, visto que conseguir sobreviver por muitos anos no Brasil é uma verdadeira batalha e, por isso deveria ser motivo de orgulho e lisonja. Os idosos, ao contrário do que ocorre, deveriam ser valorizados e respeitados. Suas histórias de vida, assim como as experiências que carregam, podem nos ensinar, e muito.

As aulas da Universidade da Melhor Idade ocorrem duas vezes por semana, das 14 às 17 horas. Não há exigência de escolaridade ou cobrança de presença, até porque não se trata de um curso de graduação nem de extensão. Também não há limite de idade para se matricular, embora quase todas as alunas, se não são todas, já tenham mais de 60 anos. "A melhor idade é aquela que a gente tem", define Eunice Lobo.

Mais risadas. Uma foto de Nayr Bispo com uma peruca loura da personagem Branca, interpretada por Suzana Vieira em Duas Caras, roda pela turma e todas se esbaldam de tanto rir.

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