quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A Terra em Transe

Por Camila Cabral

Dentro de um auditório à meia-luz, um grupo de alunos com os olhos fechados, parecem dormir. A cena pode nos remeter a um exercício esotérico ou culto de alguma religião. Mas os alunos participam de uma palestra acadêmica, que envolve profissionais de saúde. Tal evento pode auxiliar no tratamento de problemas como obesidade, impotência sexual, e problemas psicológicos como depressão, ansiedade e transtorno bipolar.
Alguns hospitais utilizam a técnica em tratamentos de câncer, para amenizar os efeitos colaterais da quimioterapia. Outro uso interessante é a sua aplicação como analgésico. É comum ouvir histórias de cura através do uso dessa técnica, assim como uma cirurgia de retirada de vesícula sem anestesia. A experiência esta registrada em um vídeo que roda o mundo em discussões sobre os benefícios de tal técnica.
A palestra é conduzida pela psicóloga mexicana Teresa Robles, com a finalidade de criar um estado de consciência chamado sabedoria interna ou universal. Teresa promove em vários países workshops para executivos, esportistas e outros profissionais. Todos buscando a técnica como um meio de melhorar seu desempenho profissional. A mexicana esteve no Rio de Janeiro no último fim de semana, para dar uma aula na Santa Casa de Misericórdia, no Centro do Rio.
A técnica chega num momento de popularização nos grandes hospitais brasileiros, como o Hospital das Clínicas de São Paulo. Em 2000 chegou a ser reconhecida pelo Conselho Federal de Psicologia do país, como método terapêutico. Mais conhecida como egotrip esta técnica foi desenvolvida pelo americano Milton Erickson, considerado o pai da moderna hipnose médica. A hipnose ericksoniana já ajudou em casos de acidentados de trânsito que foram postos em transe para agüentar a dor.
O próprio Milton Erickson, vítima de poliomielite aos 17 anos afirma que recuperou os movimentos de seus músculos graças a exercícios de concentração mental que deram origem à sua técnica.
As histórias que envolvem cura de doenças são a parte extraordinária da hipnose ericksoniana. De um modo geral tudo acontece de forma simples. A psicóloga Teresa em suas sessões dispensa pêndulos, cristais, músicas relaxantes e até silêncio. E não se incomoda com os barulhos de fora, afirma que eles ajudam no transe. “Pois nos lembram que eles não podem interferir no interior do ser humano” – destaca Teresa.
A psicóloga apenas pede para que os alunos fechem os olhos e respirem pausadamente. Ninguém perde por completo a conexão com o mundo externo, diferente da hipnose clássica, que mantém o hipnotizado inconsciente.

Durante todo o processo de hipnose, os pacientes visualizam mentalmente um objeto. Não é preciso estalar os dedos para tirar ninguém do transe. Teresa apenas começa a falar num ritmo mais ágil. No final, alerta para a possibilidade da sensação de tontura ou dor de cabeça.

A mexicana já ouviu críticas que a comparam a uma esotérica, pois dispensa a linguagem acadêmica e promete efeitos práticos incríveis. Segundo ela o preconceito com a hipnose é cada vez menor no mundo todo. Eliana ainda lembra que muitas mulheres desenvolviam esse tipo de percepção ampliada na Idade Média. E eram queimadas em fogueiras como bruxas.

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