quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Sucata vira Arte

Por Vitor Siqueira.

Caminhando pelas ruas pacatas do distrito de São Pedro da Serra, em Nova Friburgo, conhecemos um lugar calmo, onde os moradores aproveitam o contato com a natureza para poder respirar um ar puro e conseguir fugir da correria e do estresse das grandes cidades.

O comércio é pequeno e, em sua maioria, é formado por pessoas que se dedicam a alguma forma de arte. Em geral, são ex-moradores de grandes capitais como Rio de Janeiro e São Paulo. Lá, eles não podiam se dedicar a criação porque mal tinham tempo para descansar.

O simples distrito com o passar dos anos foi sendo ocupado por esses artistas e pessoas comuns que compraram casas para poder passar os finais de semana aqui. A arquiteta, Cláudia Melo, é apaixonada pelo local.

- Gosto daqui porque me sinto muito melhor. Quando estou no Rio fico mal-humorada e me irrito com muita facilidade. Ficou louca para chegar sexta-feira e poder pegar a estrada e passar o final de semana e vir para cá – afirma a arquiteta.

São poucos os carros que passam por aqui durante a semana. As ruas geralmente estão vazias e os moradores se conhecem e formam laços de amizade que raramente podem ser observados em lugares maiores e mais movimentados.

A receptividade é maravilhosa. Sempre alguém sorri para você passando um ar de tranqüilidade e simpatia. A simplicidade das pessoas impressiona. Ninguém anda arrumado ou maquiado. A beleza natural de cada um é evidenciada.

Aproveitando todas essas qualidades de São Pedro da Serra, 20 artistas plásticos se reuniram e criaram a exposição: “Poesia da Sucata: um olhar sobre o ato de reciclar”. Depois do uso alguns aparelhos tecnológicos como computadores, celulares e televisões vão para o lixo contaminando o meio-ambiente. Uma forma de contornar a situação seria transformar esse “lixo” em uma nova forma de arte.

- A cada ano, mais televisões e computadores são fabricados e muitos outros são jogados fora. Pegar algumas peças e criar objetos que utilizem o que seria jogado no lixo comum é o objetivo desta exposição – afirma o organizador, Celso Bomfim.

A exposição pegou carona no projeto Cabras da Serra que foi sucesso no ano passado. Todas as peças ficam expostas ao ar livre nos vinte estabelecimentos comerciais do distrito. Uma parceria que tem dado certo.

- As pessoas aproveitam que as peças estão aqui e além de admirá-las e conhecê-las de perto, os visitantes sempre compram alguma coisa na minha loja – diz o vendedor, Carlos Araújo.

Além das peças que ficam nas ruas, algumas outras podem ser encontradas no Espaço Cultural de São Pedro da Serra. Os teclados do computador se transformaram em grandes poemas escritos com recortes de jornais e revistas. A novela “Rainha da Sucata”, da TV Globo, também é lembrada numa das peças.

A idéia é um sucesso entre os moradores de São Pedro. Além de atrair mais turistas para o local, o projeto incentiva a cultura e a preservação do meio-ambiente às crianças do distrito friburguense.

A cauda da águia fênix produzida por cabos e fios do computador desperta a curiosidade das pessoas. A artista plástica que a confeccionou diz que a peça representa um momento de ressurgimento tanto dela quanto do local que escolheu para morar.

- Foi muito trabalhoso montar toda a peça. A águia tem quase dois metros de altura e fazer toda a estrutura foram necessários vários testes de sustentação. Usei peças do HD do computador e Cds e cabos de vários outros PCs que iriam para o lixo. A exposição está linda. Quem vir a São Pedro vai se surpreender.

A exposição vai até o dia 30 de novembro e pode ser visitada todos os dias da semana, mas ir num final de semana pode valer mais a pena.

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