Por Luana Toledo
Cotidiano conturbado, estresse e até preconceito podem explicar a falta de atitudes gentis
'Obrigado', 'com licença', 'por favor' parecem estar esquecidas no vocabulário das pessoas, não apenas nas grandes cidades. Gentilezas que eram corriqueiras hoje não parecem constantes no dia-a-dia. Mesmo em Nova Friburgo, cidade com menos de 200 mil habitantes, seja no trabalho, no trânsito e até nas escolas pode-se perceber essa deficiência da sociedade atual.
A estudante de Serviço Social Dinaly Ferreira, 28 anos, que trabalhava numa casa de assistência aos portadores de HIV na cidade de Campos, presenciou uma cena de desespero que acabou levando a uma falta de gentileza.
- Entrou uma senhora na casa que chorava sem parar e gritava que todos ali mereciam morrer, esbravejando. Fiquei assustada mas, uma semana depois, ela voltou pedindo desculpas e confessando que também era soropositiva. Acredito que ela tenha feito aquilo por medo de morrer, mas acho que isso não justifica a atitude que ela teve com os outros.
A professora da Creche Municipal Franz Hauss em Nova Friburgo, Maria Iolanda Moraes, acredita que o estresse do cotidiano não justifica mas ajuda a explicar a falta de gentileza. Ela percebe isso quando atende os pais dos alunos da escola que sempre estão com pressa para buscar os filhos.
Para a professora, os pais transferem a responsabilidade da educação moral para a escola ao invés darem o exemplo. “Já tive que separar briga de pais na porta da escola que disputavam a vez para pegar os filhos. Eles não têm paciência nem educação para esperar”, diz Maria Iolanda.
O psicólogo Rodrigo da Silva Vogas, 23 anos, que atua na área de Terapia Cognitiva Comportamental, acredita que fatores como o estresse e o acúmulo de responsabilidades do dia-a-dia também contribuem para gerar arrogância, antipatia e, conseqüentemente, a falta de gentileza nas pessoas.
Rodrigo explica que as relações pessoais de gentileza se estabelecem a partir do momento que o indivíduo se permite perceber a gentileza que à sua volta. Esse vínculo é sustentado pelas relações interpessoais de amizade e companheirismo.
- A gentileza é o ato de amor na palavra e no gesto para qualquer um e a cada dia. É importante que atos de gentileza, sejam cada vez mais trabalhados e incentivados nos indivíduos, para que esses se tornem pessoas melhores e capazes de construir relacionamentos sólidos, tanto na área pessoal, como frente à sociedade, defende Rodrigo.