sexta-feira, 6 de abril de 2007

Resto que sustenta, poluição que resta

Uma grande parte da comunidade de Olaria vive à custa
dos restos de outras pessoas em meio ao lixo
A feira de Olaria, em Nova Friburgo, quando chega ao final assusta. Quem vê as cenas garante, elas são inesquecíveis! As barracas vão perdendo as estruturas, os produtos bons são recolhidos e guardados e os que não mais prestam para venda são doados para os pedintes. Quando a feira começa demonstra tanta fartura e colorido, mas ao final o que resta é um grande vazio nas ruas, ou melhor, apenas sobras. O lixo vai aparecendo em meio às moscas. Os caminhões ficam próximos para serem recarregados com os caixotes agora vazios. E os restos estragados, podres e sem serventia são catados do chão por pessoas que mais precisam, pobres.
Varredores de rua aguardando o caminhão de lixo para recolher os restos da feira

Muita sujeira é deixada para trás e a tristeza toma conta do cenário. A poluição visual é chocante e cruel. Mas as sobras da feira de Olaria tem sido a garantia de sobrevivência de muitas famílias carentes. Todos os domingos elas pedem auxílio aos feirantes e comerciantes que ali trabalham. Muitas pessoas só têm aquele alimentopara comer, que outras jogariam fora.
Ao contrario do que pensamos as crianças brincam umas com as outras, fazem novas amizades e ajudam aqueles que mais precisam da maneira que conseguem. "A gente tenta levar pra casa tudo que puder. Os feirante ajuda nós, mas tem muitos que finge não ver a gente. Eu gosto de vim pra cá, porque a gente come muita coisa aqui", diz a A.S. de 13 anos.
As crianças e as mercadorias que ganharam dos feirantes
Quem passa pela feira, seja para comprar, vender, pesquisar preços, olhar a qualidade dos alimentos, tem a possibilidade de ver bem de perto a realidade da vida de muita gente. Outros preferem ignorar. O ganha pão dos feirantes também depende da venda das mercadorias e a luta para isso é grande. Segundo o vendedor João Moraes, 45 anos, a indiferença tem sido o pior castigo. "A gente acorda de madrugada para trabalhar e só vai embora por volta de uma hora da tarde e, sem almoço. Mas você acha que alguém liga? Que nada...", afirma o vendedor que também é morador do bairro.

Uma senhora que sempre vai a feira para recolher as sobras

O abandono, cães revirando o lixo, varredores fazendo o trabalho e o mau cheiro. As janelas fechadas demonstram a insensibilidade em relação aos que ainda continuam no local em busca por ajuda. As lágrimas de Dona Maria (que não quis revelar o nome todo) rolam no rosto, que volta para casa, muitas vezes, com as mãos vazias. "É difícil ter que vim aqui pra buscar comida, porque a saúde não tá boa", desabafa a aposentada. Ela frequenta a feira todos os domingos e diz que o sustento de cada dia vem das sobras. "Eu venho aqui por que não tenho condições de comprar as coisas, não tenho como trabalhar. O jeito é vir aqui na feira", diz com tristeza a senhora.

Não só em Olaria, mas em outros bairros da cidade a situação não é diferente. Infelizmente!

Leia mais sobre poluição urbana no site: http://www.fozdoiguacu.pr.gov.br/noticias/link62.htm


Visite o link abaixo: http://www.confea.org.br/revista/materias/edicao_20/materia_02/materia.asp

LUANNE MAGALHÃES.

Um comentário:

REDAÇÃO JORNALÍSTICA IV disse...

Luanne. Vamos fazer mudanças no texto. As anotações estão na prova. de resto, parabéns. Foi das poucas que apuraram o local com vontade.